Mulher de Militar: junho 2014

Bem, como toda maníaca por viagens, desde que fomos movimentados para Manaus comecei a pesquisar os locais que poderíamos conhecer a partir daqui e dentre eles, descobri a famosa Ilha Margarita, na Venezuela. Nem preciso falar que o olhinho brilhou com a possibilidade da primeira viagem internacional. Fiquei obstinada a buscar toda a informação possível para conhecer o local.

Para quem for pesquisar, adianto que vai encontrar muito relato negativo de quem passou por situações de violência, extorsão, roubo, etc. Tais relatos nos deixaram muito receosos, tendo ficado indecisos até o último minuto, mas como também são muitos os relatos de apaixonados pela ilha e que já foram várias vezes, decidimos encarar o risco.

Documentos para quem vai de ônibus e/ou avião:

Como país do Mercosul, na Venezuela você não vai precisar do passaporte, mas irá precisar do RG com menos de 10 anos de emissão (a foto não pode ser muito antiga) e a Carteira Internacional de Vacina contra Febre Amarela (data da vacina de pelo menos 15 dias antes da viagem).

Os dois tipos de carteira nacional de vacina existentes atualmente, sendo o segundo (branquinho) o mais atual.

Como o meu RG já tinha 16 anos de emissão e minha primeira via é de Natal/RN, não poderia tirar uma segunda via em Manaus, tendo que ser uma primeira via, para o que eu precisaria acordar de madrugada para ir no PAC conseguir a ficha pra tirar. Por tudo isso, optamos pelo passaporte.

A data da viagem era lá pro dia 18 de fevereiro e ainda em janeiro só consegui agendar a ida à PF pra tirar o passaporte para o dia 28 de abril. A viagem ameaçava babar, mas em um dia que tive liberação do trabalho, fomos eu e o maridão tentar ver se poderíamos ser atendidos fora da data. Acho que foi no dia 06 de fevereiro. Tivemos a maior sorte porque no horário que chegamos lá, perto do almoço, não tinha NINGUÉM. Expliquei que iria viajar em fevereiro e só tinha data pra abril e me atenderam sem problemas. Uma semana depois estava com o passaporte na mão pronto pro primeiro carimbo. :)

* por medida de segurança levei 3 cópias dos documentos;

** para quem vai de ônibus, o motorista para na PF e no SENIAT para fazer os procedimentos formais de saída do Brasil e entrada na Venezuela.

Entrada da Polícia Federal na fronteira Brasil - Venezuela

Entrada do SENIAT (Servicio Nacional Integrado de Administración Aduanera y Tributari) em Santa Elena de Uairen

Documentos para quem vai de carro

Além dos documentos pessoais, vai ser necessário os seguintes documentos:

CNH (Carteira Nacional de Habilitação);
Documento do carro;
Nada Consta do DETRAN (feito no órgão, não sede da internet);
Declaração para conduzir o veículo reconhecida em cartório, caso o veículo não esteja em seu nome;
Autorização da alfândega para carros utilitários e caminhonetes com placa do AM;
Seguro Internacional (feito na fronteira). No guichê da Eucatur você consegue fazer com a atendente, só esqueci o nome dela. :)

Como ir:

Analisando e comparando os custos entre ir de ônibus ou de avião até a fronteira, optamos pela segunda opção, já que iria sair o mesmo valor e estaríamos economizando algumas horas de viagem. A passagem de avião comprei pelo decolar.com por cerca de pouco mais de 500,00 ida e volta para o casal. A passagem de ônibus comprei com o Wendel Pereira, que mora na fronteira e que conheci em um grupo super útil que encontrei no face, onde divulgam tudo o que precisamos saber pra viajar. O Wendel cobrou R$ 60,00 por passagem (no guichê da Eucatur é R$ 40,00) e o trajeto é de cerca de 18 horas com saída às 11h30 segundas, quartas e sextas.

De Boa Vista para Pacaraima é preciso pegar um taxi que custa em média R$30,00 por pessoa. Opte sempre por um taxi de Cooperativa (95 3592-1950).

Contato da Eucatur

A passagem de ônibus de Manaus até Porto La Cruz custa cerca de R$ 280,00 e dura em média 30 horas. O ponto positivo é que você pode escolher as cadeiras da frente e não sofrer tanto com as condições do banheiro que se tornam periclitantes ao longo da viagem. Sempre compre no máximo até as poltronas 24, 25 pelo bem do seu nariz.

À partir de Puerto La Cruz (chegamos ás 6h00 do dia seguinte á saída de Pacaraima), pega-se um taxi até a o ferry para atravessar até a Ilha (Gran Cacique, Navibus ou Conferry).

Resumindo:

Avião Manaus - Boa Vista (+ ou - 800 km);
Taxi Boa Vista - Pacaraima (+ ou - 200 km);
Ônibus Paracaima - Puerto La Cruz (+ ou - 1000 km);
Ferry Puerto La Cruz - Margarita (expresso: 2h30/ normal: 3h30 a 4hs).

Muitos são os que vão de carro, mas na época que iríamos não tinha nenhum comboio saindo e viajar sozinho de carro pela Venezuela, sem conhecer o trajeto é fortemente não recomendado pelos mais experientes nessa viagem. Decidimos ir com cautela. Já no nosso retorno ao Brasil, vimos muitos carros caídos em barrancos nas curvas da Serra. Muito chocante!

Para os que vão de carro NÃO ESQUEÇAM de na ida parar na Polícia Federal para sair do país e no SENIAT para entrar na Venezuela e na volta fazer o mesmo procedimento, indo primeiro no SENIAT fazer a saída da Venezuela e na PF, registrar a entrada no Brasil.

Há ainda a opção de pegar um avião à partir de Santa Elena para Puerto Ordaz e outro de lá até a Ilha, tornando a viagem muito mais rápida, contacte os operadores de viagem para fazer uma cotação, pois as passagens precisam ser compradas na Venezuela. Quando fomos os voos estavam suspensos, sem falar que é um trecho bem concorrido, precisa comprar com muita antecedência.

No nosso retorno à Manaus, a CONVIASA já estava operando um voo de Margarita direto para Manaus que custava em média o equivalente a R$ 100,00 (isso comprando na Venezuela), mas como a companhia aérea tinha cancelado alguns voos no mês anterior ficamos com receio de trocar o certo pelo duvidoso e seguimos com o planejamento.

Santa Elena de Uairen

Rodoviária de Puerto La Cruz

Onde ficar:

Margarita tem muitas opções de hospedagem pra todos os bolsos. Quando desembarcamos na Ilha alguns brasileiros que chegaram conosco nos chamaram pra ficar em um hotel que custava cerca de 15,00 a diária, sem café da manhã e wifi na recepção. Barato parecia bom, mas optamos pela recomendação do querido Rommel Menescal, da C&R Turismo e que sempre fica no Hotel Puerta del Sol em Porlamar (http://www.puertadelsol.com.ve/) a anos.

Mesmo tendo optado por um hotel melhor pela segurança, pois também existem relatos de turistas roubados dentro dos hotéis, a diária no quarto mais simples era equivalente R$ 33,00 para o casal. Valor impossível para um hotel equivalente no Brasil.

Piscina do Hotel Puerta del Sol de Porlamar

O café da manhã* é bom, o hotel bem limpo e com um atendimento muito bom, além de contar com duas agências de viagem na sua área interna, onde você pode adquirir os passeios com mais comodidade. Procure pela agência que fica exatamente em frente à porta principal (Lusitana Tours), as meninas de lá são ótimas e a Brigite ainda pode te indicar o marido dela pra fazer alguns passeios exclusivos e ajudar a trocar algum dinheiro extra, caso você precise.

Como era baixa estação (final de fevereiro) não nos preocupamos em fazer reserva antecipada e deu super certo, mas na alta estação procure um agente de turismo que possa te auxiliar. No final do post vou deixar os contatos de alguns que me foram recomendados.

* para quem tem criança, leve leite em pó, pois o artigo é difícil mesmo em hotéis.

Os passeios:

Sendo nossa primeira vez optamos por fazer os passeios vendidos pelas agências e eu já tinha em mente exatamente o que queria fazer baseado nas minhas pesquisas. Fizemos os seguintes:

Jeep Tour - Não deixe de fazer no primeiro dia, pois dará uma visão geral de Margarita. Realmente é começar com o pé direito, sendo o ponto alto o passeio de barco pela Laguna de la Restinga. Amei!

Folder do Jeep Tour

Isla Cubagua - Essa ilha é um encanto. Apesar de ser oferecida uma caminhada, mergulho nos corais e um banho de "lama", o local é excelente pra quem curte descansar. A ilha não é habitada, creio que por isso mesmo seja tão tranquila.

Ilha Cubagua

Nada mais romântico do que um banho de lama!

Isla El Coche - Nesse passeio, as atividades de mergulho e jet ski são oferecidas à parte. A ilha é maior que Cubagua e já tem moradores, estrutura de hotel e barracas grandes. O local é lindo, mas particularmente achei muito agitado.

Ilha El Coche

Nos passeios de barco, sempre vai junto um fotógrafo que oferece um cd após o passeio pelo custo médio de cerca de R$ 30,00. Gente, ás vezes você tem pouquíssimas fotos no meio das centenas tiradas pelo cara. Sugiro que se estiver em grupos maiores compre apenas 1 cd. Se não tiver jeito, garanta que terá muitas fotos no cd para valer à pena. :)

Esses três passeios incluíram bebidas, almoço e transporte até o hotel por um custo médio de cerca de R$ 40,00 por pessoa.

Cerveja oferecida durante os passeios.

O que fizemos sozinhos:

Waterland (http://waterlandmundomarino.com/) - Nesse passeio você pode apenas ficar olhando ou pode entrar no tanque com os golfinhos. Recomendo que faça a interação com os animais. É muito especial!

Aqui sim o cd é personalizado. Sorria, você estará sendo filmado o tempo todo. :) Custo do passeio, aproximadamente R$ 40,00, o cd custou cerca de R$ 20,00.

Folder do Waterland

Parque El Agua - Esse parque aquático é ótimo para quem curte brinquedos aquáticos, embora seja bem menor que o famoso Beach Park de Fortaleza/ CE. A entrada custou menos que R$ 10,00 por pessoa.

Folder do Parque El Agua

Playa El Agua foi onde comemos a melhor lagosta de nossas vidas no restaurante El Pacifico, que juntamente com entrada e sucos saiu por pouco mais que o equivalente à R$ 60,00.

Restaurante em frente ao mar de El Agua

COMPRAS: Por último, mas não menos importante, durante toda a estada na ilha, fomos todos os dias aos shoppings sempre na parte da noite após aproveitar o dia todo nos passeios, íamos ao Costa Azul ou ao Sambil para jantar e claro comprar.

Ficamos completamente loucos nos shoppings. Apesar de muitas lojas estarem fechadas ou desabastecidas, tudo o que queríamos comprar conseguimos. Algumas coisas muitooooo baratas, outras nem tanto como eletrônicos por exemplo. É preciso lembrar que a taxa limite para compras é de cerca de 1800 bolívares, o que é quase nada dependendo do câmbio. Particularmente não tive problema pois compramos somente roupas que usamos durante a viagem, além de termos passado na receita durante à noite, quando já estava fechada.

Uma observação importante é que entre Santa Elena de Uairen e Puerto La Cruz existem 11 alcabalas (postos de controle da Guarda Bolivariana) nos quais podem ser requeridos documentos e/ou feitas revistas. É nesse momento que ocorrem muitos dos episódios negativos já relatados no início do post e por isso mesmo, seja de carro ou ônibus, toda a documentação tem que estar correta para não dar margem à eventuais transtornos. Em nosso retorno, nos pararam em praticamente todos os postos, em 3 deles tivemos que descer do carro, em dois deles fomos interrogados e no último abriram todas as nossas malas. Foi tenso, mas em nosso caso, em nenhum momento fomos destratados dentro da Venezuela!

Resumindo nossa viagem, foram 7 dias bem aproveitados na Ilha e ainda não fizemos tudo o que queríamos porque faltou o mergulho em Los Frailles, comemos muitíssimo bem, passamos ilesos pelas manifestações que estavam acontecendo na Venezuela nesse período e gastamos cerca de R$ 3000,00* incluindo passagens, passeios, hospedagem, taxis e muitas, muitas compras. Valeu muito à pena, amamos a Isla Margarita!

Quer conhecer esse paraíso? Vai fundo, mas não deixe de se informar sobre tudo, se for de carro JAMAIS viaje à noite, evite pernoitar em zonas perigosas, como El Tigre por exemplo, nunca vá sozinho, pois se ocorrer qualquer problema no carro, terá a quem pedir ajuda. Informação é a chave para a sua segurança.

*todo o dinheiro é levado em cash por quem faz essa viagem partindo de Manaus porque a maioria faz o cambio na fronteira, onde é mais vantajoso. Em média 20 bolívares para cada 1 real. Todo cuidado é pouco para andar com grandes volumes de dinheiro.