quarta-feira, 15 de abril de 2015

Mulher, seja porto seguro e não âncora!

Mesmo depois de 12 anos de relacionamento, sendo 10 já com o meu marido na vida militar, ainda me surpreendo quando conheço uma namorada, esposa ou mesmo companheira de militar que oferece resistência absoluta a algo que é inerente à carreira, movimentações e transferências, usando as mais diversas justificativas:

" Não deixo minha família jamais";
" Não deixo meu trabalho por homem";
" Não consigo ficar longe dos meus pais";
" Não me adapto em outra cidade";
" Não consigo ficar só", etc.

Eu creio que todas essas justificativas são plausíveis e poderia dar muitas outras que já refleti a respeito antes do SIM, mas uma coisa não podemos esquecer, a vida da esposa de militar é uma eterna prática da renúncia e resiliência e sabemos disso desde o começo, desde sempre.

Com exceção de algumas sortudas que tem a benção de ficar a vida toda no mesmo local (conheci recentemente uma no Rio de Janeiro), estamos sempre longe da família e amigos, deixando nossos empregos, mudando de cidade e sempre, sempre sozinhas, seja durante serviços, manobras ou missões e etc.

Uma fórmula infalível para a infelicidade é fazer algo por obrigação ou algo que você já definiu que não pode, quer ou consegue. Então, antes de dizer para aquelas moças que são mais apegadas à família, raízes e conquistas que DEVEM largar tudo e seguirem com seus amores, digo que decidam o que vale mais para você e busquem um companheiro que possa te dar uma vida que te faça feliz e para o qual essas suas características sejam motivo de alegria e não de transtorno. Não se violente! Você tem todos os motivos e razões para não querer mudar, mas não dá para ser esposa de um militar sem aceitar lidar com isso em algum momento das nossas vidas!

A essa altura, você pode estar aí pensando que me julgo dona da verdade e que deve ser fácil para eu deixar minhas próprias raízes para trás, mas digo que se esse for o seu pensamento, está completamente enganada. Cada uma tem uma forma de reagir a essa notícia de mudança, que certamente nos traz uma gama de sentimentos controversos e mesmo quem lida bem, certamente tem muitas dificuldades, já que estamos sempre deixando para trás o que nos é mais precioso, mas também podemos escolher dar força para o marido e mostrar que estamos com ele, aproveitando esse momento para conhecer outros lugares, culturas e ter outras oportunidades ou ficar nos lamentando por algo que nossos maridos desde que entraram para a força sabiam fazer parte da carreira e você também sabia, todas sabemos.

É claro que existem casais que a mulher fica junto com sua família e o marido segue para uma temporada de 1, 2 ou mais anos sozinho em outra cidade. Para muitos isso funciona e talvez funcione para você também, vai saber não é? Mas depois de anos à distância com meu então namorado e sabendo todos os transtornos que isso causa, esse caminho eu não trilho mais e não recomendo nem para minha pior inimiga, a não ser por demanda da Marinha.

Quando eu disse sim para aquele juiz, não foi só para a pergunta explícita de: aceita de casar com...? mas também para todas as implícitas como: aceita abdicar das datas especiais em favor da Marinha? aceita ficar longe da família? aceita ficar sozinha mesmo quando estiver doente ou com seus filhos doentes? aceita ficar só mesmo às vésperas de parir ou ainda não ter seu marido por perto para ver os filhos nascerem? aceita as constantes mudanças e adiamento de férias?...

Se tem algo sobre essa vida que é certo é que não é fácil! Por isso, antes de embarcar nessa, esqueça todo o glamour que alguns pensam existir porque é mito e veja se pode responder a todas as perguntas implícitas de forma positiva porque, afinal, como meu marido diz: "deu o nome porque quis".

A quem já está nessa vida. Foco, força e fé! Seja o porto seguro para onde seu marido pode voltar e onde vai se amparar quando faltar forças e não a âncora que afunda seus propósitos e desmotiva o progresso.




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